Aos Psicólogos, Pesquisadores, Professores e Estudantes de Psicologia de Todo o Brasil,

Urge que nos congreguemos e unamos esforços de reflexão e prática para dar conta da responsabilidade que temos diante da sociedade brasileira. Entendemos ser urgente o estabelecimento de um “programa mínimo” para a Psicologia brasileira, com a definição de problemas a serem enfrentados e de ações a serem desencadeadas coletivamente.

Sabemos todos do forte crescimento da ciência e da profissão psicológicas no Brasil ao longo dos últimos trinta anos. Somos hoje mais de cem mil psicólogos, cerca de sessenta mil estudantes de Psicologia e mais de cinco mil profissionais envolvidos com a pesquisa e ensino de Psicologia no país. Entretanto, sabemos também que não contamos ainda com um grau de organização e institucionalização capaz de dar conta dos problemas que enfrentamos e dar vazão à capacidade de proposição e inovação de todo esse contingente de pessoas.

Muitas vezes temos vivido situações de atomização de responsabilidades, de representação ilegítima do conjunto dos interessados nos temas da Psicologia e, da falta de respostas ao diálogo que a sociedade propõe para a nossa área e profissão. Nesse quadro é fácil compreender que diferentes atores sociais tratem a Psicologia como um espaço que pode ser ocupado por profissionais despreparados técnica e eticamente, bem como uma profissão cuja formação pode ser alvo de todo tipo de barateamento comercial que desvaloriza sua relevância social.

Neste contexto é que o Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia foi constituído e vem a público propor um esforço organizado no sentido de progredirmos juntos na organização da ciência e da profissão psicológicas. É hora de imprimirmos qualidade e força à organização desse contigente de cerca cento e setenta mil pessoas interessadas tanto no fortalecimento da ciência e da profissão psicológicas, quanto na melhoria da qualidade de vida de todos os brasileiros.

O Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia é hoje composto pelas dez organizações abaixo indicadas, definidas durante a Plenária Nacional de Entidades da Psicologia realizada em Campinas no mês de Outubro de 1999. O processo de constituição do Fórum, que culminou com a Plenária de Entidades de 1999, conta já com três anos de existência e envolveu mais de sessenta entidades representativas de pesquisadores, psicólogos e estudantes de Psicologia de todos os estados brasileiros.

Como esse processo é de articulação aberta, mesmo a composição do Fórum pode ser alterada, conforme surjam argumentos que justifiquem isso. Também está claro para todos que esse processo de articulação não pode assumir um caráter de imposição para qualquer uma das entidades que participam tanto do Fórum quanto da Plenária Nacional de Entidades da Psicologia. Para além das responsabilidades assumidas coletivamente, nada mais poderá ser exigido das entidades participantes.

Ao longo destes três anos de existência do Fórum foi possível confirmar o quanto é importante e inadiável de os atores sociais que representam diferentes segmentos da Psicologia brasileira busquem formas de superação dos graves problemas que a ciência e a profissão enfrentam em nosso país. Entendemos que uma articulação entre as diversas entidades representativas, que viabilize a união de esforços de todos esses segmentos, seja a melhor forma de assumir a responsabilidade pelo tratamento de qualquer tipo de problema que se coloque para a Psicologia brasileira.

De fato, algumas iniciativas coletivas já foram tomadas com alto nível de envolvimento das diversas entidades e com alto grau de sucesso no atingimento dos objetivos propostos. Um exemplo está materializado na criação da Associação Brasileira de Ensino da Psicologia, que envolveu esforços de dezenas de entidades e constituiu uma voz para tratar de forma organizada e legítima dos problemas relacionados à formação de Psicólogos no Brasil. Um outro exemplo diz respeito à tentativa de criação da profissão de psicopedagogo, em que foi constatado o equívoco da tentativa de transformar uma área de especialização em nova profissão, o qual está sendo obstaculizado pelo esforço conjunto das entidades da Psicologia.

Para isso tudo, urge que nos congreguemos e unamos esforços de reflexão e prática, com o que poderemos dar conta da responsabilidade que temos diante da sociedade brasileira. Entendemos ser urgente o estabelecimento de um tipo de “programa mínimo” para a Psicologia brasileira. Isto é, a definição de um conjunto de problemas a serem enfrentados e de um conjunto de ações a serem desencadeadas de forma conjunta. Desse programa deverão constar aspectos como:

  • ênfase no compromisso social da Psicologia;
  • definição de políticas e procedimentos para o fortalecimento da pesquisa psicológica no Brasil;
  • estabelecimento de iniciativas que aproximem a pesquisa e a prática profissional, isto é, que os psicólogos possam se apropriar daquilo que é produzido na pesquisa e que os pesquisadores
  • tenham na prática psicológica uma fonte de definição de temas para estudo;
  • democratização e fortalecimento das entidades representativas de psicólogos, estudantes, pesquisadores e professores de Psicologia;
  • ênfase na garantia da livre organização dos estudantes nos cursos de Psicologia;
  • aperfeiçoamento do instrumental técnico dos psicólogos;
  • fortalecimento das revistas científicas da área da Psicologia;
  • desenvolvimento de instrumentos de referenciação.

ABPJ – Associação Brasileira de Psicologia Jurídica
ABEP – Associação Brasileira de Ensino de Psicologia
SBPD – Sociedade Brasileira da Psicologia do Desenvolvimento
ABRAPEE – Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional
ABRAPSO – Associação Brasileira de Psicologia Social
FENAPSI – Federação Nacional dos Psicólogos
ANPEPP – Associações Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia
CPF – Conselho Federal de Psicologia
CONEP – Conselho Nacional dos Estudantes da Psicologia